Sobre a Sexta-feira da Paixao

Minha sexta-feira da Paixao já está terminando e eu nao parei pra refletir e nem fiz jejum! Mas conversando com minha irma relembramos os tempos de sexta-feira santa e de como minha mae fazia a gente (criancas ainda) ficar ser comer, jejuando até a hora do almoco. E de como a gente quebrava o jejum com picolé Chicabon! Bom recordar isso, mas também muito estranho!
Nunca gostei de regras. As segui e as sigo, mas só eu sei o quanto me custa fazer isso!
Cresci numa família católica, fui Batizada e fiz Primeira Comunhao. Me recusei a fazer Crisma e até hoje tenho que ouvir a nonna Pina dizer que sou pecadora por causa disso!
Apesar da educacao e bons costumes moldados no Catolicismo, meus pais nao iam muito aa igreja. Eu lembro que em datas especiais declamava poesias na igreja matriz de Pato Branco -PR. Igreja Sao Pedro, até hoje decorada em amarelo claro e branco.
Mas a sexta-feira santa era "guardada" com todo o respeito, afinal o diabo nesse dia estava solto, porque Jesus estava morto! Imagina! Tocavam terror nas gentes pequenas!
Lembro que minha mae fazia questao de ter a casa toda arrumada na quinta-feira para que na sexta se fizesse o mínimo possível. Nao entendia muito bem, porque ninguém realmente explicava, mas seguia a regra! E comia peixe. Muito pouco, afinal tínhamos que sofrer um pouco pelo muito que Jesus sofreu para nos salvar.
Quando adolescente, aos 16 pra 17 anos, fui morar na casa da nonna Pina, mae do meu pai. Numa cidade pequena no interior do Paraná, com uma única igreja comandada pelo mesmo padre ha mais de 30 anos (ele era o melhor amigo do meu avo, pai da minha mae, delegado da cidade); uma agencia do Banco do Brasil, um CTG (Centro de Tradicoes Gauchas) e onde todo mundo se conhece pelo nome, era fácil participar de um grupo de jovens da igreja catolica.
A pauta de todos os sabados nos encontros do grupo de jovens: pra que baile a gente vai? Onde Os Serranos vao tocar? E como a gente chega lá? rsrs
O sábado de aleluia era esperado, muito esperado. Depois de 40 dias de seca, a liberdade chegava na noite de sabado depois da missa, porque tinha quer ir aa missa antes do baile. E o conselho da nonna era sempre o mesmo: juízo hein! Essa epoca foi muito, muito boa!
Depois mudei pra Cuiabá e o que ficou da sexta-feira santa foi meu pai acordando cedo pra fazer a barba, que cresceu por duas semanas (porque se fizer a barba na sexta-feira santa nao tem dor de dente o ano inteiro) e comer peixe. Aliás, foi exatamente isso que ele fez hoje! rsrs
Agora, aos 35 anos de idade, há mais de doze anos seguindo a Doutrina Espírita muita coisa é clara e faz sentido pra mim sobre a sexta-feira da Paixao. Nao é punindo o corpo com jejum que seremos pessoas melhores. O silencio e o respeito sao necessários todos os dias e nao só na sexta-feira santa. E o exemplo de Jesus, em perdoar, deve ser seguido e perseguido diariamente porque perdoar é para poucos. A maioria dos seres humanos aindao nao chegou a tal grau de evolucao. Entao maos aa obra o ano inteiro minha gente!!!
Feliz Páscoa, mas a Pascoa da renovacao e nao a Pascoa comercial com ovos de chocolate!!!